A candidíase esofágica é causada pela invasão da mucosa esofágica por espécies de Candida, mais comumente Candida albicans.
Candida é parte da flora comensal no trato gastrointestinal, mas pode causar doenças em mucosas, principalmente quando as defesas do hospedeiro estão comprometidas.
A candidíase esofágica é mais comumente observada em pacientes imunocomprometidos/ imunossuprimidos, incluindo pacientes com AIDS e aqueles com neutropenia.
Mas… a candidíase esofágica também pode ser observada em pacientes que tomam antibióticos ou corticosteróides e em pacientes com dismotilidade esofágica.
A candidíase esofágica é uma complicação bem conhecida da terapia com esteróides tópicos de longo prazo, como em pacientes que estão sendo tratados para esofagite eosinofílica ou ingestão acidental de esteróides de uso inalatório por asma.
A manifestação mais comum é a odinofagia, mas também são observados disfagia, dor retroesternal, dor abdominal, perda de peso, vômitos e diarreia.
O diagnóstico é feito através de endoscopia digestiva alta com biópsias.
Endoscopicamente, a candidíase aparece como placas brancas aderentes que não podem ser removidas.
Vários graus inflamação podem ser observados no esôfago.
O padrão-ouro para o diagnóstico é o exame histológico, que normalmente mostra pseudohifas na mucosa do esôfago.
A biópsia também pode mostrar paraqueratose descamativa, na qual pedaços de epitélio escamoso se separam da camada epitelial principal.
Em pacientes imunocomprometidos com sintomas típicos, o tratamento empírico pode ser considerado sem diagnóstico endoscópico.
Devido à natureza invasiva da candidíase esofágica, em geral é necessário tratamento sistêmico (embora possa ser autolimitada em pacientes imunocompetentes).
O fluconazol oral é o tratamento de primeira linha para candidíase esofágica e a maioria das infecções responderá a um curso de 14 a 21 dias.
Em pacientes que não toleram medicamentos orais, pode-se usar fluconazol intravenoso.
Equinocandinas, como a caspofungina e a micafungina, também podem ser usadas, mas estão associadas a taxas de recaída mais elevadas do que o fluconazol. No entanto, estes medicamentos podem ser eficazes em cepas resistentes ao fluconazol.
A anfotericina B é uma opção de tratamento, mas geralmente é evitada devido aos seus efeitos colaterais.
Em pacientes que toleram medicamentos orais, mas não respondem ao fluconazol, o itraconazol e o voriconazol também são opções.
Se for utilizado tratamento intravenoso, os pacientes devem ser transferidos para terapia oral assim que puderem tolerar a terapia oral.
Pontos de atenção
A candidíase esofágica é uma infecção comum em pacientes imunocomprometidos, mas também pode ser observada em pacientes que usam esteróides ingeridos ou inalados.
A doença esofágica tipicamente requer tratamento sistêmico e não responde ao tratamento tópico.
O tratamento de primeira linha em geral é o fluconazol oral, e outros antifúngicos sistêmicos são opções para doença refratária.
Referências:
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