Colite por Clostridium difficile

9 de agosto de 2020

Colite por Clostridium difficile

 

  • Sinais e sintomas que levantam a suspeita para uma possível colite pseudomembranosa devido ao Clostridium difficile incluem: febre, distensão abdominal e diarreia liquida/aquosa.
  • Histórico de exposição recente a antibióticos é o  principal fator de risco.
  • O teste considerado mais apropriado numa situação de alta suspeição clinica é a reação em cadeia da polimerase (PCR) do gene da toxina do C. difficile, que é altamente sensível e específico.
  • Vários testes estão disponíveis para a detecção de toxinas do C. difficile ou organismos C. difficile toxigênicos (já que nem todos organismo são produtores de toxina). Esses testes só podem ser realizados com precisão em amostras de fezes líquidas.
  • As toxinas do C. difficile não são estáveis ??à temperatura ambiente e podem degradar após 2 horas. Portanto, as amostras de fezes devem ser mantidas a 4 ° C até que o teste possa ser realizado.
  • Nenhum dos testes fecais distingue entre infecção e colonização. Assim, a realização de testes de forma indiscriminada pode levar a diagnósticos excessivos e tratamento desnecessário. Portanto, o teste só é recomendado quando há alto grau de suspeita clínica.

 

  • Os testes de amplificação de ácido nucléico, como a PCR,  detectam os genes que codificam as toxinas A e/ou B. As vantagens desses testes incluem sua alta sensibilidade e especificidade e tempo de resposta rápido. As desvantagens incluem seu alto custo e sua incapacidade de distinguir colonização de infecção. Como a colonização assintomática é comum em crianças pequenas, o Comitê de Doenças Infecciosas da Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda que outras causas de diarreia sejam descartadas quando esse tipo de teste for usado em crianças pequenas. Alguns laboratórios agora executam painéis de PCR que podem testar uma série de patógenos entéricos usando 1 amostra de fezes, infelizmente no Brasil, esses painéis ainda tem custo muito elevado, e por isso são pouco disponíveis.

 

  • O imunoensaio enzimático para toxinas A e / ou B do C. difficile também é usado em muitos hospitais e laboratórios. Este teste é relativamente barato, amplamente disponível e possui um tempo de resposta rápido. A desvantagem desse teste é sua baixa sensibilidade, que não é melhorada testando várias amostras de fezes. Há um tipo de ensaio imunoenzimatico disponível que testa a glutamato desidrogenase, uma enzima produzida por todas as cepas de C. difficile, este teste é mais sensível do que o teste de toxina propriamente dito, mas não distingue entre cepas toxigênicas e causadoras de doenças e cepas não-toxigênicas. Portanto, ele deve usado apenas como parte de um algoritmo de várias etapas, no qual é o teste de triagem inicial, que é então seguido por um teste mais específico, como o ensaio para toxina (s) de C. difficile ou o PCR de toxina.

 

  • O ensaio de citotoxicidade em cultura de células é considerado o padrão ouro para a detecção de C. difficile  produtor detoxinas A e / ou B. É altamente sensível e específico, mas requer técnicas laboratoriais bastante trabalhosas. É realizado semeando uma suspensão filtrada de fezes em uma cultura de células e procurando o efeito citopático característico que aparece em 24 a 48 horas. Assim, os resultados não estão disponíveis rapidamente, o que limita a utilidade desse teste nos cenários clínicos, além disso não é amplamente realizado em diferentes laboratórios. A cultura toxigênica é considerada o padrão ouro porque detecta o C difficile propriamente dito, ao invés das toxinas que eles produzem.

 

  • Outros estudos laboratoriais são usados ??para determinar a gravidade da colite por C difficile, mas são inespecíficos, usados em vários outros cenários em pediatria, incluindo contagem de leucócitos, creatinina sérica, lactato e albumina. Não  há escore de gravidade da doença validado em pediatria para a colite por C. difficile.
  • A colonoscopia é realizada na minoria dos casos, e pode revelar mucosa eritematosa e friável com pseudomembranas. Raramente é usado para diagnóstico, mas pode ajudar a diferenciar colonização de infecção ativa.

 

  • Em resumo, os testes fecais para Clostridium difficile devem ser reservado para pacientes com apresentação clínica característica e fatores de risco conhecidos. Os resultados dos testes devem ser interpretados com cautela em crianças menores de 5 anos. Os testes de amplificação de ácido nucleico (PCR) são altamente sensíveis e considerados os mais apropriados para prática clínica, mas não conseguem distinguir entre infecção e colonização.

 

————————————————————————————————————————
“DISCLAIMER”/ aviso legal: o objetivo dessa página é compartilhar conhecimento médico, visando um público alvo de médicos, pediatras, gastroenterologistas pediátricos, estudantes de medicina. Os conteúdos refletem o conhecimento do tempo da publicação e estão sujeitos a interpretação da autora em temas que permanecem controversos.
A linguagem é composta de linguagem/jargões médicos, uma vez que não visa o público de pacientes ou pais de pacientes. O conteúdo dessa página não pode nem deve substituir uma consulta médica.
As indicações e posologia de medicamentos podem mudar com o tempo, assim como algumas apresentações ou drogas podem ser retiradas do mercado.
Em caso de dúvida relacionada ao conteúdo ou se algum dado incorreto foi identificado, entre em contato!