Crianças que “não comem”

9 de fevereiro de 2018

Crianças que “não comem”

 

  • Pela definição dos pais, até 25-50% das crianças no mundo “não comem”, e até a totalidade das crianças tem alguma dificuldade alimentar num dado momento da infância.
  • Pode se tornar um tema central das consultas entre 2 e 6 anos.
  • A dificuldade alimentar é qualquer problema que afete negativamente o processo de suprir alimento ou nutrição. Abrange: distúrbios alimentares, picky eater, comer exigente, seletividade alimentar, FTT, ..
  • É fundamental observar que há diferentes grupos de causa, podendo estar relacionada a expectativa dos pais, a seletividade da criança, ou, numa minoria dos casos, a anorexia relacionada/ secundaria a doenças.
  • Pode ser uma queixa já nos primeiros meses de vida, acima dos 2 anos aumenta de modo acelerado até os 6 anos,  e a partir dos 6 anos, em geral decresce em importância.
  • Há muita preocupação com alterações no crescimento e alterações bioquímicas, mas estas ocorrem apenas numa pequena minoria das crianças com dificuldade alimentar.
  • A redução da ingestão de macro e micronutrientes não é muito diferente da população infantil geral  que não tem o problema de “não comer”
  • Excluído o erro de expectativa parental, classifica-se 3 grandes categorias de dificuldade alimentar:  seletividade alimentar sensorial, diminuição do apetite, e fobia alimentar (em geral relacionado a manipulação oral).
  • A saga da criança seletiva cursa com consumo muito limitado de alimentos, dieta baseada em carboidratos e lacticínios, recusa e  falta de interesse por alimentos novos. A seletividade infantil em geral associa-se a uma série de repostas inadequadas dos pais, na tentativa de corrigir o erro. Deve-se nesses casos, valorizar o pouco que a criança faz e não o que ela não faz/ come e não come, procurando-se manter uma postura de neutralidade relacionada a alimentação.
  • É fundamental observar que crianças tem direito a preferências e aversões desde o primeiro momento, que tem que ser respeitados, e que a criança pode demorar até 7-10  vezes de exposição a um alimento (ou 6 a 12, depende da referencia)  antes de definir sua opinião de gostar ou rejeitar, portanto tentativas mal sucedidas de oferecer um alimento devem ser repetidas, mas ao mesmo tempo, deve-se saber que um alimento que parecia ser bem aceito num primeiro momento, pode deixar de se-lo posteriormente.
  • Em geral, alimentos secos são menos aversivos do que pastosos. Como parte do processo de dessensibilização, pode ser necessário separar os elementos das papas.
  • Fonoaudiólogo pode ajudar em diversos aspectos, incluido com o “food play”.
  • Não se deve orientar a criança seletiva a tirar mão da boca, nem punir a criança que põe a mão na boca. É uma atitude motora que se relaciona ao desenvolvimento necessário para alimentação.
  • São fatores que não discriminam causa orgânica de não orgânica: ingestão ruim, ganho de peso inadequado, vômitos.
  • Favorecem causa orgânica: recusa total, virar a cabeça, fixação, retenção oral, gagging antecipatório
  • A DRGE pode ter com uma das formas de manifestação a recusa alimentar
  • As dificuldades orais estão presentes em até cerca de 45% das crianças com dificuldades alimentares, sendo que prematuros representam uma população especial de risco.

 

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