Deficiência de lipase ácida lisossomal (LAL)
– A deficiência de lipase ácida lisossomal é uma doença autossômica recessiva, parte do grupo de doenças de depósito lisossômico. Pode ter fenótipo e gravidade variável de acordo com a atividade da enzima. A enzima é codificada codificada pelo gene LIPA, localizado em no cromossomo 10q23.31 – existem diversas mutações descritas, sem clara correlação genótipo?fenótipo. A função da enzima é de realizar a hidrólise intracelular dos ésteres de colesterol e triglicérides. Acredita-se haver muito subdiagnóstico – a incidência reportada é de aproximadamente 1/130.000 (mas esse número pode ser muito subestimado)
– O espectro clínico abrange a doença de Wolman (uma forma grave de início precoce na infância) e a doença do armazenamento de éster de colesterol – com sintomas mais leves do que o da Doença de Wolman, mas ainda com potencial de gravidade significativo
* A Doença de Wolman tipicamente se manifesta nas primeiras semanas de vida, com vômitos, intolerância alimentar, hepatoesplenomegalia, ascite, esteatorreia/má-absorção, e classicamente com calcificações na adrenal. O prognóstico é bastante reservado (morte nos primeiros 6 a 12 meses de vida sendo o desfecho reportado na maioria dos casos)
* A Doença do armazenamento de éster de colesterol é considerada menos grave, se manifesta mais tardiamente – ainda na infância ou até na vida adulta, típicamente diagnosticada diante de aterosclerose precoce e hepatomegalia
– Diagnóstico diferencial inclui outros transtornos do metabolismo, tais como glicogenose, Niemann-Pick tipo B ou C, doença de Gaucher, hiperlipidemia familiar combinada e outros problemas metabólicos
– A deficiência de lipase ácida lisossomal deve ser considerada em pacientes que apresentem hepatomegalia não explicada, altos níveis de LDL e triglicerídeos, baixos níveis de HDL e elevação de transaminases.
– Achados histológicos: Esteatose microvesicular predominante envolvendo hepatócitos, células Kupffer e macrófagos portais, progredindo para fibrose e cirrose micronodular
– O prognóstico da deficiência de lipase ácida lisossomal parece ter sido revolucionado com a terapia de reposição da enzima (sebelipase alfa), mas ainda há poucos estudos de acompanhamento em longo prazo dos pacientes, visto que trata-se de uma terapia relativamente nova (2015). O transplante hepático não parece ser um a “cura” uma vez que há relatos de ressurgimento da doença e progressão após o transplante, com acometimento de outros órgãos, incluindo medula óssea e o intestino delgado. O papel do transplante de medula óssea em corrigir o defeito da enzima está sendo investigado, tendo havido relatos casos bem-sucedidos.
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REFERENCIA