Inibidores da bomba de prótons e aumento do risco de asma infantil
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– Um interesse na possível associação entre o uso de inibidores da bomba de prótons (IBP) e o risco de desenvolvimento de asma em crianças surgiu a partir de estudos inicialmente do uso de drogas na gravidez, indicando que a exposição aos IBPs poderia estar associados ao desenvolvimento subsequente de asma na criança.
– Recentemente, pesquisadores analisaram 10 anos de dados do registro nacional de saúde na Suécia para avaliar o risco de crianças <18 anos desenvolverem/ serem diagnosticadas com asma depois de receber um IBP (N = 80.870 crianças), comparado ao mesmo numero de crianças (80.780) que não receberam um IBP, cuidadosamente pareadas como controles (controlando diversos potenciais covariáveis que pudessem constituir fatores de confusão).
– 63% da corte era do sexo feminino, e a idade média foi de 13 anos.
– No estudo, publicado no JAMA Pediatrics (a revista pediátrica de maior fator de impacto) a asma foi definida pelo diagnóstico hospitalar, atendimento ambulatorial para asma ou pelo menos duas prescrições de medicamentos para asma.
– Em geral, a exposição ao uso de IBP em faixa etária pediátrica, comparada ao não uso dessa droga, foi associado a um significante maior risco desenvolvimento de asma, com uma razão de risco global de 1,57.
– Os riscos foram maiores em crianças com idade entre 6 meses a 2 anos (razão de risco 1,91) e <6 meses (razão de risco 1,83), do que em crianças mais velhas.
– Não ter história pessoal de atopia foi associado a risco do risco de asma após a exposição ao IBP – Ou seja, expor crainaças a esse fator ambiental parece de fator mudar o risco mesmo em crianças que seriam menos susceptíveis (crianças que não tinham antecedente de atopia).
– A associação foi mais forte para tempo de latência (após a exposição ao IBP) de 3 a 6 meses (quando comparado a latencia < 3 meses ou > 6 meses)
– Na avaliação da duração cumulativa do uso de IBP e do risco de asma, associações significativas foram encontradas, independentemente da duração do tratamento – sem um efeito proporcional de maior risco com maior duração do tratamento. Um uso menor do que 30 dias já se associou a risco de forma significante, como entre 1 mês e 1 ano, ou maior do que 1 ano.
– Em relação a medicamentos específicos, o risco de desenvolver asma foi maior com pantoprazol (HR, 2,33), mas também estava presente com esomeprazol, lansoprazol e omeprazol. O rabeprazol não foi analisado no estudo porque o número de crianças elegíveis em uso dessa medicação foi baixo (6 crianças)
– Os autores defenderam que seus achados sugerem que o risco aumentado de desenvolver asma é mais um dentre vários potenciais eventos adversos que devem ser considerados quando indicado o uso de IBP em crianças. Mais uma vez, dados apontam que os inibidores da bomba de prótons devem ser prescritos para crianças apenas quando claramente indicados, pesando o benefício potencial contra o dano potencial.
(Confira o texto de artigo o mesmo periódico sobre uso de IBPs e risco de fraturas em pediatria: https://novapediatria.com.br/associacao-entre-uso-de-inibidores-da-bomba-de-protons-e-risco-de-fratura-em-criancas/ )
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