Mais sobre o aleitamento materno

1 de abril de 2018

Mais sobre o aleitamento materno

– Apesar dos incontáveis benefícios (nutricionais, emocionais, de desenvolvimento, imunológicos, econômicos e sociais), a média de aleitamento materno no Brasil é de, apenas, até 90 dias (varia regionalmente).

– O vínculo é um benefício muito importante. E os benefícios médicos também se estendem para a mãe: de um modo geral, os efeitos de saúde da mulher exigem um tempo de aleitamento materno maior, de no mínimo 06 meses. Liberação de ocitocina durante a amentação reduz ansiedade materna. Outros benefícios incluem: perda de peso, diminuição do risco de DM tipo 2, HAS, dislipidemia, doença cardiovascular, Cancer de ovário. Para a maioria desses efeitos, é necessário um tempo de aleitamento de no mínimo 12 meses.

– Os benefícios médicos para crianças são dos mais diversos, tanto em curto quanto em longo prazo. Esses efeitos tambem podem ser tempo-dependentes. Para algumas condições, como diminuição da ocorrência de gastroenterites, qualquer modalidade (exclusivo, predominante, misto) e qualquer tempo de aleitamento materno já se associam a benefício, enquanto que para outras condições o benefício depende de um tempo total de aleitamento maior, como no caso da leucemia linfoide aguda, o efeito de diminuição do risco (em 20%) é associado a um tempo de aleitamento materno total de pelo menos 6 meses.

– Dentre as condições cujo risco ou incidência sabidamente diminuem com o aleitamento materno (além das já citadas), estão: infecções de vias aéreas superiores e inferiores, otite média, morte súbita do lactente, asma, dermatite atópica, doença celíaca, DM tipo 1, doença inflamatória intestinal.

– É importante observar que há significativa variação na composição no leite materno, de forma dinâmica e ajustada às necessidades do bebê. A composição varia com diversos fatores: período do dia, fase da lactação, período da mamada, com dieta materna, idade do lactente, idade materna, dentre outros.

– Logo que se identifica que um choro de lactente ou outros sinais relacionam-se a fome, o leite materno deve ser oferecido. Com choro excessivo, lactente engole muito ar, mama menos e mais depressa, favorecendo o refluxo.

– É importante observar se mama está muito cheia, e esvaziá-la um pouco para facilitar a pega se for necessário. A boca do lactente deve estar bem aberta para pegar a maior parte da aréola, estando essa mais visível acima da boca, o lábio inferior deve estar evertido, com o queixo tocando a mama, bochechas arredondadas, e o nariz livre. Sucção eficiente é lenta e profunda, com movimentos de ordenha suaves e coordenados com a respiração.

– Chupeta e mamadeira embora não incompatíveis, atrapalham a amamentação. Se necessário oferecer leite ordenhado ou formula para suplementação, o ideal é utilização de copinho.

– Também o mamilo plano ou invertido pode representar uma dificuldade a pega, mas não impede a amamentação – algumas manobras, como ordenha da aréola, ajuste de posições, compressa fria e sucção com bomba manual auxiliam.

– Traumas mamilares são ocasionados por técnica incorreta, disfunções orais do lactente, interrupção abrupta da mamada, irritação local por uso indevido de cremes/ protetores.

– Ingurgitamento mamário pode ser evitado com ordenha se mamas muito cheias, mamadas regulares, massagens com movimentos circulares, uso de sutiãs com alças largas e firmes, compressas frias. Pode ocorrer mastite, condição em que pode ser necessário uso de ATB, e em alguns casos até drenagem de abscesso.

– Na presença de candidíase mamária, em geral utiliza-se nistatina creme no seio (6/6h por 10 dias) e nistatina suspensão oral para criança 1 mL (6/6h por 03 dias).

– Diminuição da produção láctea pode ocorrer por stress materno, uso de estrégeno (que não deve ser realizado durante amamentação), mamadas infrequentes e/ou curtas, introdução de alimentação complementar precocemente.

 

– Contra-indicações ao aleitamento materno:

* Absolutas: infecção materna pelo HIV ou HTLV, RN com galactosemia, leucinose ou outros erros inatos do metabolismo.

* Temporárias: CMV materno (RNPT), herpes na mama (impede o aleitamento na mama acometida), varicela materna 5 antes do parto ou até 02 dias após o nascimento (criança deve receber imunoglibulina), Hepatite C (na presença de lesões mamilares), hanseníase não tratada, Doença de Chagas aguda, vacinação da febre amarela (interromper aleitamento materno por 10 dias)

* Relativas: prematuridade < 32 semanas, baixo peso, disfagia. Nesses casos, o leite pode ser ordenhado e administrado a criança.

 

– Se Hepatite B materna: lactente deve receber vacina e imunoglobulina.

– Se TB materna: mãe deve usar máscara.

– Causas de aparente rejeição do seio pelo lactente podem ser das mais diversas incluindo, excesso ou falta de fome, mama cheia, pega inadequada, obstrução nasal, monilíase oral, dente nascendo, presença de creme na mama, excesso de perfume na axila materna, dentre outras.

 

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