Microbioma – mais conceitos e microbioma & NAFLD

15 de novembro de 2020

Microbioma – mais conceitos

– Importante lembrar que microbioma é definido como a totalidade de microorganismos e seu material genético presente no corpo humano ou em outro ambiente. Embora a gente costume focar em bacterias, fungos, vírus e parasitas eucariontes fazem parte do microbioma.

– Composição da microbiota varia conforme local do corpo. O intestino concentra o maior número de microorganismos. Existe uma ampla variedade interindividual. Na ausência de doença, a microbiota de um indivíduo é mais ou menos estável ao longo do tempo.

– Diversidade alfa: é a diversidade de cada sítio ou amostra, que se relaciona a riqueza de espécies (número de espécies distintas), e a distribuição taxonômica

– Diversidade beta é a diferença de composição e espécies entre diferentes sítios ou amostras

– De uma forma geral, considera-se que mais diversidade de microbiota é melhor: há mais redundância funcional que de certa forma protege o ecosistema; há maior proteção contra invasão e crescimento de microorganismos patogênicos.

– Sequenciamento permite avaliar metagenoma, metatranscriptoma, abundância de grupos especifícos, perfil metabolico, e abundância de genes e perfil de expressão. Ainda estamos aprendendo sobre toda essa informação. Existem varios estudos de associação com risco de doenças específicas, mas pouca aplicabilidade clinica.

– Uma das doenças em que o microbioma tem sido mais implicado é a doença hepática não alcoólica (NAFLD), ou esteatohepatite não alcoólica (NASH), que já se tornou hoje a principal causa de doença hepática crônica em pediatria (estima-se que afete cerca 5-10% das crianças – a depender do critério diagnóstico utilizado). Estima-se que até 25% das crianças com NAFLD progrida pra NASH. E atualmente a principal questão envolvendo o microbioma e esse espectro de doenças é se o microbioma interfere na progressão para NASH e cirrose. Considera-se de forma geral que seja um processo de vários insultos (“hits”), sendo que o microbioma possa fazer parte da etiopatogenia da doença, como um insulto ou “hit” na presença de disbiose. Foi evidenciado que paciente obesos que apresentem NAFLD têm menor alfa-diversidade quanto comparados a pacientes também obesos controle (compara-se a paciente obesos porque a obesidade também associa-se a obesidade). Além disso, observou-se que há uma hiper-representação da via de biossíntese de lipopolissacarides (LPS), sabidamente implicados na fisiopatologia de NAFLD, no microbioma de casos, quando comparados ao microbioma de controles.

 

 

FONTE: 

Congresso da Sociedade Norte Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátricas – 2020.

 


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