Suplementação de micronutrientes

7 de junho de 2020

Suplementação de micronutrientes

 

  • Em nível de saúde pública mundial, as deficiências de micronutrientes de maior importancia incluem: vitamina A, vitamina  D, iodo, zinco e ferro (enquanto dentre os macronutrientes, destaca-se o Ácido Docosahexaenoico – DHA).

 

  • Estima-se que 1 bilhão de pessoas sofram de insuficiência ou deficiência de vitamina D, micronutriente de fundamental importancia na regulação de outros processos fisiológicos – estudos epidemiológicos apontam que a deficiência de vitamina D pode estar associada a doenças auto-imunes, alergicas e inflamatórias, cardiovasculares, disturbios neuropsiquiatricos, e processos neoplasicos. Consensos nacionais e internacionais recomandam a triagem para hipovitaminose D apenas para grupos de risco, não como exame de rotina. A dose preventiva universal da vitamina D é de 400UI para lactentes de ate  12 meses e 600UI para os maiores de 1 ano. No tratamento da hipovitaminose, recomenda-se a prescrição da vitamina D pura/isolada.

 

  • No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda, em regiões de comprovada deficiência de vitamina A, o “Programa de Suplementação de vitamina A” com “megadose” única para crianças – pelo risco de mortalidade por pneumonia, diarreia e sarampo. A posologia varia com idade: dose de 100.000UI quando administrada entre 6-12 meses, e  200.000UI para crianças de 12-72 meses. No locais indicados, essa “megadose” costuma ser registrada na carteira vacinal junto com imunizações, e nem sempre pais/cuidadores lembram de que a criança recebeu tal megadose, administrada em ocasião de alguma vacina ou visita ao posto de saude. Deve-se lembrar do potencial efeito de toxicidade de hipertensão intracraniana.

 

  • A deficiência de ferro é a a deficiência nutricional mais frequente no mundo. Crianças menores de 5 anos de  países em desenvolvimento constituem grupo de risco, sobretudo <2 anos. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recentemente atualizou sua recomendação, indicando a suplementação (1mg de ferro elementar/kg de peso/dia) para o RNT AIG  a partir do terceiro mês de vida – independentemente se em aleitamento materno exclusivo, misto ou artificial. Essa recomendação pela SBP se estende até o 24o mês de vida – não se trata de uma recomendação mundial (e na opinião da autora deste , o suporte cientifico para tal recomendação não é forte).  A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda uma triagem para deficiência de ferro e anemia por deficiência de ferro , aos 12 meses de idade, com realização de exames de ferritina e hemograma. De forma geral, a realização de tal screening entre 9 e 12 meses de idade é amplamente aceita. Na deficiência, o tratamento é realizado com posologia de 3-5mg de ferro elementar/kg de peso/dia (mais alta do que posologia de profilaxia).

 

  • Zinco atua no sistema imunológico, na replicação celular , reparação tissular, crescimento e desenvolvimento cognitivo. Sua dosagem sérica não reflete fielmente o estoque corpóreo. Na suspeita de deficiencia, pode-se realizar prova terapêutica com 1 mg/kg/dia, esperando-se a resposta clínica em 5-10 dias. No tratamento da deficiência documentada, utiliza-se posologia de 1-2mg/kg/dia (zinco elementar). Na doença diarreica diarreia aguda, a dose recomendada  é de  10 mg/dia para crianças maiores de seis meses de idade, e 20mg/dia para crianças maiores de seis meses 10-14 dias.

 

REFERENCIAS:

  • https://www.aappublications.org/news/2018/11/28/ironing-out-the-wrinkles-new-research-regarding-screening-for-iron-deficiency-anemia-pediatrics-11-28-18
  • https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21019f-Diretrizes_Consenso_sobre_anemia_ferropriva-ok.pdf
  • https://www.spsp.org.br/site/asp/boletins/AtualizeA4N5.pdf

 

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