Uso de formula para crianças de 1 a 3 anos– recomendações do “ESPGHAN Committee on Nutrition”
“Toddler’s milk” , formulas de crescimento (“+1”) são sinônimos usados para se referir a formulas lácteas ou vegetais protéicas destinadas a satisfazer os requerimentos nutricionais de crianças de 1 a 3 anos/ pré-escolares jovens. A Autoridade de Segurança Alimentar Européia e a ESPGHAN recomendam a nomenclatura “young child formula” (YCF), usando ‘formula’ ao inves de ‘leite’ porque nem sempre a composição é láctea, e não ‘de crescimento’ porque isso implicaria num impacto especifico positivo sobre o crescimento infantil, que não esta comprovado com uso de tais formulas.
Presença dessas formulas no mercado
- Formulas para pré-escolares jovens estão presentes na Europa por mais de 2 décadas, e seu uso é crescente. Entretanto, a informação da composição desses produtos é fornecida pelos fabricantes, com pouca evidencia cientifica da sua necessidade ou de seus efeitos.
- Além disso, não há nenhuma definição legal internacional ou critérios de composição para esses produtos e sua disponibilidade e regulação diferem mesmo entre os países europeus.
- Levantamento em 2013, observou centenas dessas formulas presentes no mercado da Uniao Europeia, com o maior número na França (34), Espanha (32) e Itália (24), e o menor nos países escandinavos – Suécia (2) e Dinamarca (0).
Composição das formulas e aspectos nutricionais – Alguns aspectos da nutrição de pré-escolares jovens devem ser considerados:
- Consumo excessivo de alimentos com alta densidade calorica e aumento das taxas de obesidade.
- Geralmente há uma ingestão menor do que a recomendada de acidos graxos de cadeia longa (especificamente Omega 3), ferro e vitamina D.
- Portanto, seria interessante determinar se o consumo de formulas para pré-escolares jovens poderia corrigir alguns desses déficits.
- Em relação à ingestão de energia, as fórmulas atualmente disponíveis têm conteúdo energético de 50 a 81 kcal / 100 mL (mediana 67 kcal / 100 mL).
Teor protéico nas formulas de 1-3 anos
- Há evidências de que o consumo excessivo de proteína durante a infância aumenta o posterior risco de obesidade.
- O teor protéico de formulas de 1 a 3 anos deveria ser reduzida à quantidade de fórmula infantil semelhante ao leite materno.
- Essa composição deveria ser de um mínimo de 1,6 g de proteína animal/ 100 kcal.
- A quantidade de proteína nas formulas disponíveis no mercado varia significativamente, com mediana de 2,6 g / 100 kcal.
- O nível superior recomendado para a fórmulas de seguimento é 2,5 g / 100 kcal.
- Apesar de não ideal, trata-se de teor proteico mais baixo do que o leite de vaca (4,8 g / 100 kcal).
- O Comitê de nutrição da ESPGHAN sugere a necessidade de reduzir o teor de proteína das formulas para pré-escolares jovens para o limite inferior permitido na fórmula de seguimento/Segundo semetre (1,6 g / 100 kcal para produtos à base de proteína animal intacta).
Conteúdo de carboidrato
- Em geral, a quantidade de carboidratos nessas formulas é semelhante à da fórmula de seguimento/ segundo semestre, e maior do que no leite de vaca.
- Em algumas formulas, a quantidade de sacarose adicionada que é alta muito alta (até 10,4 g / 100 kcal), podendo causar aumento da glicemia e resposta de insulina significativamente mais alta do que aquela elicitada pelo leite de vaca.
- De preferência, nenhum açúcar livre deve ser adicionado a produtos para crianças de até 2 anos de idade e sua quantidade deve ser limitada a <5% da ingestão total de energia em crianças maiores de 2 anos
Micronutrientes
- Particularmente ácido alfa-linolênico (Ômega 3), vitamina D e ferro estão muito pouco presentes no leite de vaca não suplementado.
- O conteúdo mediano do ácido alfa-linolênico nas formulas de 1-3 anos é de 103 mg / 100 kcal, dentro faixa recomendada para a fórmula de seguimento. Entretanto, ate 4% das formulas têm baixos níveis de omega 3.
- De forma semelhante, o conteúdo mediano de ferro e vitamina D desse grupo de formulas está dentro do intervalo recomendado para a fórmula de seguimento.
- No mercado europeu, nenhuma das fomulas tem níveis de ferro abaixo do inferior recomendado, e apenas 1,3% têm um teor de vitamina D abaixo deste nível.
- Em contraste, o leite de vaca não suplementado é uma fonte pobre de ferro e vitamina D.
Uso de formulas de seguimento (segundo semestre) para criancas maiores de 1 ano
- Com base nos dados atualmente disponíveis, e usando como referencia a composição do leite materno, não existem evidencias que suportem uma composição significativamente diferente de formulas para crianças maiores de 1 ano, em comparação com as fórmulas de seguimento, utilizadas em lactentes > 6 meses.
- Assim, Autoridade de Segurança alimentar Européia e a ESPGHAN sugerem que as fórmulas consumidas durante o primeiro ano de vida também podem ser usadas pré-escolares jovens.
- O Painel decidiu não propor critérios composicionais específicos para fórmulas consumidas após 1 ano de idade.
- Após revisão de literatura, a ESPGHAN não encontrou qualquer razão para que as fórmulas de seguimento não pudessem ser usadas além de 1 ano. O conteúdo de proteína deva ser mais proximo do nível inferior permitido nas fórmulas de seguimento.
- Se as formulas para maiores de 1 ano forem consideradas como um substituto do leite de vaca, uma composição mais simples pode ser proposta; com foco em nutrientes especificados, como ferro, vitamina D e PUFA n-3. Essa abordagem presumivelmente teria a vantagem teórica de reduzir os custos de produção das formulas.
- Além disso, a regulação é necessária não apenas para propor quais nutrientes devem ser adicionados, mas também para prevenir e limitar a adição de componentes indesejáveis ??(como açúcares livres e aromatizantes).
Conclusões e Recomendações
- A amamentação continua a ser recomendada como parte de uma dieta saudável após o primeiro ano de vida
- Com base nas evidências disponíveis, não há necessidade para o uso rotineiro de formulas lácteas para maiores de 1 ano em crianças de 1 a 3 anos de vida, mas formulas de seguimento (para maiores de 6 meses) podem ser usadas como parte de uma estratégia para aumentar a ingestão de acidos graxos poli-insaturados, ferro, vitamina D e omega 3, e diminuir a ingestão de proteína em comparação com o leite de vaca.
- Outras estratégias para otimizar a ingestão nutricional incluem a promoção de uma dieta variada e saudável, o uso de alimentos fortificados e o uso de suplementos.
- Há necessidade de regulamentação dessas formulas no mercado para evitar composição inadequada.
REFERENCIA:
https://journals.lww.com/jpgn/fulltext/2018/01000/Young_Child_Formula___A_Position_Paper_by_the.34.aspx
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As indicações e posologia de medicamentos podem mudar com o tempo, assim como algumas apresentações ou drogas podem ser retiradas do mercado.
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